03 novembro 2015

Santoantoniense é destaque por descoberta que movimentou a imprensa mundial

Leonardo Andrade de Almeida é natural de Santo Antônio de Jesus (SAJ). Nasceu em Dezembro de 1983 e é o terceiro filho de uma família humilde da zona rural. Estudou em escolas públicas de SAJ praticamente toda a sua vida acadêmica até o segundo grau. Apenas, dois anos do antigo ginásio, sétima e oitava séries, ele estudou em escola pública da cidade de Vitória da Conquista - BA e o seu terceiro ano do ensino médio, numa escola particular de SAJ, graças a uma bolsa de estudo presenteada pelo então professor de matemática, Denilton de Souza. Atualmente ele é pós-doutor do Departamento de Astronomia da Universidade de São Paulo. Trabalhou como pós-doutor por um ano no Departamento de Física e Astronomia da Universidade Johns Hopkins e no Space Telescope Science Institute, um instituto da NASA, nos Estados Unidos. Possui mestrado (2009) e doutorado (2012) em Astrofísica pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Concluiu o curso de Bacharelado em Física pela Universidade Estadual de Feira de Santana - BA (2006). Colabora desde 2011 com a Universidade de Ohio - EUA na campanha internacional para observação e caracterização de microlentes gravitacionais. Ele tem experiência na área de Astronomia, com ênfase em Astrofísica Estelar, atuando principalmente nos seguintes temas: estrelas de baixa e alta massas, atividade estelar, sistemas binários eclipsantes, variáveis cataclísmicas, exoplanetas e microlentre gravitacional.
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Natural de Santo Antônio de Jesus (distante a 185 km de Salvador), o astrônomo e pós-doutor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), Leonardo Almeida, 32, descobriu com o auxílio do Very Large Telescope do ESO (Observatório Europeu do Sul), o maior telescópio do mundo, de Cerro Paranal, no Chile, a estrela dupla mais quente e massiva, com as duas componentes tão próximas que tocam uma na outra. O sistema estelar binário descoberto está em na Grande Nuvem de Magalhães, uma das galáxias próximas à nossa, a 160 mil anos-luz de distância. A descoberta de VFTS352, feita em parceira com astrônomos dos EUA, Europa e Chile, está descrita em estudo publicado na revista científica "The Astrophysical Journal".

Critérios

A descoberta foi divulgada no último dia 21. "As duas estrelas podem estar rumando a um final dramático. Ou se fundirão para formar uma única estrela gigante ou darão origem a um sistema binário de buracos negros", diz o astrônomo. A descoberta foi feita em março de 2014, mas como precisa ser aceita pela comunidade científica e passar por uma série de árbitros científicos até todos aceitarem os resultados, só foi divulgada agora. Segundo Almeida, o sistema identificado pela sigla VFTS352 é de um tipo extremamente raro. Os astrônomos só conhecem outros três desse tipo, no qual uma estrela "beija" a outra enquanto ambas rodopiam. "Esse descoberto agora, porém, é o mais maciço conhecido. É um sistema binário estelar composto por duas estrelas muito quentes, brilhantes e massivas que orbitam uma em torno da outra num período pouco maior que um dia.

A descoberta ocorreu quando Leonardo Almeida estava como pós-doutor na Jonhs Hopkins University, nos Estados Unidos, analisando esses sistemas.

"VTS 352 mostrou-se por ser muito diferente. Com cerca de um dia de período orbital e temperatura superior a 40.000°C, já sabíamos que era um sistema único. Assim, embora no início fosse uma surpresa muito agradável, sabíamos, através do viés teórico, que poderíamos encontrar um objeto como este", disse. 

Estrelas tocam uma a outra enquanto rodopiam (Foto: ESO (Observatório Europeu do Sul) l Divulgação)

Compreensão

Almeida diz que o sistema situa-se na Nebulosa da Tarântula. "Essa região extraordinária é a maternidade de estrelas jovens mais ativa no Universo próximo. Novas observações do VLT do ESO revelaram que este par de estrelas jovens está entre os mais extremos e estranhos já descobertos", diz.

A estrela dupla se encontra a uma distância da Terra de cerca de 10 bilhões de vezes a distância entre a Terra e o Sol. O astrônomo garante que a descoberta é importante porque, de maneira geral, a compreensão do ciclo da vida das estrelas de grande massa contribui para a nossa compreensão da evolução de galáxias, para o enriquecimento do universo em metais, bem como das primeiras estrelas e da sua ligação com a re-ionização do Universo primitivo. (Cristina Pita - ATarde)