15 outubro 2016

Os motivos da derrota de Humberto

Os motivos que levaram Humberto Leite à derrota em 2016
Olá, meu nome é Coinho Fonseca, membro do diretório do PSB de Santo Antônio de Jesus, e quero aqui expor meu pensamento sobre os motivos que levaram ao insucesso do atual prefeito, Humberto Leite, nas eleições deste ano.

Não pretendo, de forma alguma, aqui, fazer considerações motivadas por paixões ou odios aos grupos políticos da cidade, procurarei ser o mais imparcial possível.
É fato que o grupo liderado pelo atual prefeito, vinha acumulando derrotas eleitorais desde a década de 1990 quando o então líder era o Sr. Renato Machado. Então, óbviamente, que existia algo de errado.

A meu ver, o que sempre pesou negativamente para o grupo Beija-Flor, de 1996 pra cá, na hora da disputa eleitoral em Santo Antonio de Jesus, foi uma falta de inserção na chamada classe média alta do município. E ao invés de tentar dialogar com essa camada, que é empresarial e influente em todos os aspectos, o grupo do prefeito sempre procurou o embate e o confronto direto camando-a pejorativamente de “burguesia” e reafirmando que o grupo pertencia aos pobres, embora, de fato, o grupo tem sim (ou tinha) uma forte ligação com as classes sociais menos favorecidas. Porem, é um amadorismo gigante explicitar publicamente isto em uma disputa eleitoral.

Com esse discurso do “nós contra eles”, o grupo afasta, logo de cara, toda classe média que não se sente contemplada por uma chapa que se diz dos pobres. Por outro lado, não é todo mundo que gosta de ser associado à pobreza. Daí vem o ditado político que o grupo Beija-Flor parece não ter aprendido até hoje: “pobre vota em candidato de rico, mas rico não vota em candidato de pobre”. Isso explica o por que da rejeição ao liso.

 Enfim, com esse discurso, perdeu todas!
O que eles não perceberam é que pra Humberto Leite vencer em 2012, ele teve que contar com apoio de Rogério Andrade pra, justamente, adentrar em um seguimento que ele tinha as portas completamente fechadas, ou seja, a classe média alta e empresarial. Sem isso, perderia novamente pra Dalvinha.

Ao manter o apoio em seu reduto, nos bairros periféricos, nas classes sociais menos favorecidas, em boa parte da zona rural e com apoio de Rogério para adentrar na classe média alta, chegou à vitória!  
Já como prefeito, e ai não foi culpa dele, Humberto Leite se deparou com um grupo apaixonado por sua figura e sua bandeira, porém despreparado para atuar no serviço público e exercer funções burocráticas com qualidade. Isso foi visível.

Foram erros, os mais inadimissíveis que poderiam acontecer em uma gestão, como os frequentes erros de português que faziam com que o gestor virasse chacota na imprensa e nas redes sociais. Sem falar do desgaste criado, desnecessariamente, na questão das Logomarcas oficiais.
Os constantes atos de soberba, arrogância e falta de humildade dele e de sua Secretária de Ação Social, que sempre enfatizava o seu titulo de “primeira dama” em conversas e entrevistas, também contribuiram pra o desgaste na gestão HL.

Vale ressaltaar, também, que alguns dos seus secretários causaram imenso prejuízo ao gestor, como o Secretário de Esportes que sai da pasta com a imagem bastante arranhada, tenha sido culpa dele ou não.

Humberto Leite apostou todas as suas fichas na reforma da Praça Padre Matheus. Sem emendas federais, decidiu, corajosamente, fazer a reforma com os recursos da prória prefeitura. Acontece que não há mágica quando o lençol é curto: Ou se cobre os pés, ou a cabeça.

Com sua atenção e seus recursos voltados à reforma da praça, acredito que outras areas ficaram sem os recursos necessários para o seu funcionamento, quando o cidadão chega no posto de saúde que falta o básico até para um simples curativo, a imagem do gestor fica comprometida.

Outro fato visível nessa gestão de Humberto Leite, foi sua incapacidade de dialogar com outras forças políticas do município. A começar pela Câmara de Vereadores, onde o prefeito conseguiu perder quase toda sua bancada e não mostrou habilidade política para reverter o quadro. A meu ver, ele não teve peito para barrar vereadores experientes que fazem questão, apenas, de garantir sua reeleição tentando indicar o maior número de cargos possível, isso foi o que se viu na Câmara e afastou vários vereadores do Prefeito e o gestor nada fez para evitar as perdas.

Humberto Leite errou ao romper prematuramente com o Governador Rui Costa, ainda mais sendo ele o propositor da ruptura política. Um bom articulador esperaria o Governador tomar a decisão ou permanecer neutro. Mas não, Humberto achou por bem ir para os braços de ACM Neto que nada poderia fazer por seu governo, já em decadência, em Santo Antônio de Jesus.

Esse rompimento colocou Rogério Andrade à vontade para desenvolver parcerias e contar com o apoio da gestão estadual. Rogério aproveitou a oportunidade e levou água para centenas de famílias. Por pura imaturidade política de Humberto.

Por outro lado, o tão alardeado apoio de ACM Neto não trouxe nada de significativo para o Prefeito da cidade, vale ressaltar que sequer o PMDB aderiu à chapa do 25 enbora sejam aliados a nível estadual e nacional. ACM Neto não teve força contra Rogério Andrade nesse sentido.

Nesse momento, o desenho da vitória de Rogério já começava a aparecer. As adesões de históricos lideres do Beija-Flor já mostrava que o cenário estava mais favorável para o candidato do PSD, isso foi comprovado na pesquisa solicitada pela Rádio Recôncavo FM, que dava Rogério com ampla folga na disputa.
Ainda no período de pré-campanha, slogans são lançados de forma não oficial por ambos os lados. Os aliados do prefeito, usam uma frase de uma das músicas do cantor Igor Kanário que dizia “Depois de nós, é nós de novo”. Fora a questão arrogância implicita na canção, mais uma vez o grupo político de Humberto Leite faz um grande esforço para se afastar da camada conservadora da cidade. Após um brilhante trabalho de pesquisa elaborado pela equipe de Rogério Andrade, onde foram mapeados quase 200 grupos culturais e sociais em nossa cidade, trabalho que durou aproximadamente 4 meses em completo sigilo, constatou-se que 74% da população era conservadora ou simpáticas às tais ideia do conservadorismo. Daí surge a ideia do “melhor está por vir”.  
Humberto Leite tinha isso? Sinceramente, duvido!

Atentai bem: esse “depois de nós, é nós de novo” só agrada quem já está com ele, é o chamado marketing de convencido, não atrai a atenção ou admiração de outras pessoas que precisam ser conquistadas. Agora observe a diverença de quem diz: “o melhor está por vir”. Quem não quer o melhor? Seja rico ou seja pobre?

O “Pensando SAJ” foi um programa de relevante importância para a campanha de Rogério Andrade, onde o povo simples se sentia parte da construção do projeto 55, e, de fato, muitas ideias foram aproveitadas.

“O povo quer o liso”, aqui temos o exemplo perfeito do que não se deve usar em uma campanha política. Basta se perguntar, por qual razão iria querer o liso? Qual motivo prático? Impor à força? Só que não sabe que 74% das pessoas são conservadoras, usariam isso. E a resposta veio justamente para tal público: “o povo quer o trabalhador”. Será quem não era ligado diretamente aos grupos, tenderia a escolher o “Liso” ou o “trabalhador”? Só o grupo de Humberto Leite não viu que esse tipo de ação mambeibe, escrachada, chula, patife não dá resultados práticos do povo de vista eleitoral? Agrada o povo dele, que já é dele, mas soma em que? Nada!

A postura de Humberto Leite como gestor, agrada, mais uma vez, quem já é dele, porém causa repulsa aos, repetindo, 74% de conservadores da nossa sociedade. Isso, também, ficou muito claro.
Em toda sua gestão, Humberto Leite não fez muita questão por ações de publicidade de suas realizações. Não inseriu publicidade em nenhum meio de comunicação, fato que ao logo de quase 4 anos também se somou aos inúmeros erros da gestão Leite.

Portanto, pra mim, não houve apenas um erro, vários erros foram cometidos ao longo desse período e ai está o resultado histórico.

Essa foi a minha visão, superficial, sobre a política em Santo Antônio de Jesus que levou à vitória de Rogério Andrade.    
Por Coinho Fonseca