Após anúncio de que o quadro clínico do Hospital Luís Argolo estaria pedindo demissão em massa devido à falta de pagamentos de salários,
o Dr. Antônio Carlos, médico cirurgião, concedeu entrevista a Recôncavo
FM na manhã desta sexta-feira (9) e confirmou que a reunião entre os
médicos e a provedoria da Santa Casa aconteceu e que de fato a decisão
de demissão em massa é real, “a Recôncavo FM e o Voz da Bahia deu em
primeira mão essa situação”, disse. Antônio Carlos deixou claro que a
questão não está relacionada à parte convênios, nem no sistema
particular, apenas no SUS (Sistema Único de Saúde), “o problema na Santa
Casa é na parte obstetrícia do SUS. Então ficou decidido que os médicos
que prestam este serviço irão pedir demissão coletiva”, declarou.
Exemplificando os últimos acontecimentos onde o Hospital Geral Clériston
Andrade, em Feira de Santana foi acometido pelo mesmo problema, o
entrevistado proferiu que a saúde pública não só na Bahia como no país
está pedindo socorro, “o Governo Estadual já está informado desta
decisão e o Secretário de Saúde da Bahia conhece os problemas da Santa
Casa. Esperamos que façam alguma coisa e não permitam que o hospital
feche”, desabafou.
Dr. Antônio
Carlos afirmou ainda que na próxima segunda-feira (12), às 18h uma
reunião acontecerá entre médicos e provedoria e na oportunidade
promoverão uma coletiva de imprensa para explicar os reais motivos da
decisão, “iremos expor a condição da Santa Casa e assim esperamos que os
órgãos competentes tomem uma decisão antes que o pior ocorra que é o
fechamento da Unidade Hospitalar”, anunciou. Segundo o profissional de
saúde, médicos e funcionários estão a mais de 10 meses sem receber
salários. “Parabenizo a atitude da Secretaria de Saúde, Laurijane
Mercês que reconheceu pela primeira vez que a verba destinada a Santa
Casa é irrisória e insuficiente, este repasse é do Ministério da Saúde e
não o Convênio firmado entre a administração municipal e o Hospital,
tendo em vista que este foi cancelado na gestão atual, a Prefeitura é um
mero repassador do dinheiro que o Ministério da Saúde destina ao SUS,
só isso”, garantiu.
Expondo as
condições reais, o médico falou que alguns setores, principalmente os
procedimentos cirúrgicos estão sendo extintos na Santa Casa, como
exemplificou as cirurgias de próstatas e ginecológicas, “infelizmente
estes serviços, pelo SUS, foram fechados”, exibiu. Devido a deficiências
nos serviços de saúde, o profissional avisou que mesmo existindo
médicos de diversas especialidades atuando nos Postos de Saúde e não
existir condições de tratamento adequadas, toda a ação é nula, “do que
importa um médico dizer que ele precisa realizar um procedimento
cirúrgico se o município não oferece o serviço?” questionou. Carlos
ressaltou que vários profissionais estão descredenciados ou não estão
interessados em trabalhar para a saúde pública, “devido ao descaso e
desrespeitos com os profissionais que a saúde pública está degradada”,
opinou. Para Antônio a iniciativa do Programa Mais Médico não resolverá o
problema, como informou que a saúde não carece de profissionais e sim
de qualidade no serviço e no atendimento, “não adianta dizer que é falta
de médico, o que há é a falta de condição de trabalho. A prefeitura ao
invés de ajudar com o hospital gastará cerca de R$ 5 milhões com a festa
do São João, que já está sendo divulgada para toda a Bahia. Onde está o
Ministério Público que não fiscaliza essa situação?”, arguiu.
Dr.
Antônio Carlos finaliza a entrevista interrogando: “Quanto à prefeitura
de Santo Antônio de Jesus tira dos cofres públicos para o Hospital Luís
Argolo? Não digo dos repasses dos Governos federal e estadual,
questiono do seu próprio bolso, quanto é?”.