Um estelionatário tem usado, em e-mails falsos, o nome do diretor do
Departamento de Educação da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Antônio
Amorim, e do professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj),
Carlos Duarte Rocha, para garantir vagas de prestação de serviço em falsos
processos seletivos, em Salvador e quatro cidades do interior da Bahia. Tudo a
uma “pequena taxa de cadastramento” de R$ 140.
O e-mail fraudulento começou a circular no último dia 5, direcionado à
comunidade da Uneb e foi desmascarado a tempo pelo professor Amorim que,
avisado pelos destinatários da mensagem, mandou divulgar nota de alerta à
imprensa e no site da instituição de ensino.
Na mensagem eletrônica, o estelionatário divulga 43 vagas para
coordenadores, vice-coordenadores, supervisores de departamento, auxiliares de
aplicação, de coordenação e de corredor para atuarem das 7 às 14h em
vestibulares e concursos. Os “cachês” variam de R$ 215 a R$ 780 por dia,
em um total de sete, contabilizando R$ 5.460, se for tomado por base o maior
valor do cachê.
Os concursos e vestibulares ocorreriam na capital, em Alagoinhas,
Vitória da Conquista, Feira de Santana e Santo Antônio de Jesus, “sempre aos
finais de semana ou feriados”, de janeiro a março.
Indicação - Para conseguir a vaga, o estelionatário, passando-se pelo
professor Antônio Amorim, orienta o interessado a enviar um e-mail ao professor
Carlos Rocha, informando que havia sido indicado à vaga pelo diretor da Uneb.
Segundo o falso e-mail, Carlos seria um “amigo dirigente da Comissão de
Coordenação de Vestibulares e Concursos de algumas universidades particulares,
estaduais e federais no Brasil”.
Bastaria, anuncia o criminoso, enviar e-mail aos falsos endereços
crocha.uerj@ gmail.com ou crocha@uerj.br, para receber a confirmação da
reserva. Depois, depositar R$ 140 na conta informada para garantir a vaga, sem
avaliação seletiva.
A TARDE seguiu a orientação dada pelo estelionatário. Bastou uma troca
de dois e-mails para a equipe de reportagem “reservar” uma suposta vaga de
coordenador de processo seletivo de uma instituição de ensino do país, de nome
e origem desconhecidos. Utilizando o nome do professor Carlos Rocha, o golpista
informou que o depósito deveria ser realizado na conta em nome de José Jorge
Andrade de Oliveira, da agência das Mercês da Caixa Econômica Federal. Segundo
a instituição financeira, trata-se de uma conta-poupança, cujo titular é o
próprio José Jorge, e que foi aberta no final do ano passado. A CEF informou, ainda,
que não houve a realização de movimentações financeiras anormais, o que a
incluiria, automaticamente, no sistema de prevenção à lavagem de dinheiro do
Banco Central.
A equipe de reportagem não conseguiu identificar quem é José Jorge
Andrade de Oliveira. Informações sobre titulares de conta só podem ser
fornecidas por determinação judicial. O diretor da Uneb, Antônio Amorim, o
desconhece, do mesmo modo, o professor Carlos Rocha. Os dois afirmaram à A
TARDE que ignoram os endereços dos e-mails utilizados nas mensagens
fraudulentas.
“Recebi mensagens de muitas pessoas pedindo informações adicionais e as
alertei sobre o golpe”, afirmou Carlos Rocha. O diretor da Uneb, Antônio
Amorim, afirmou que fez o alerta para os mais de 800 alunos do departamento e
disse que vai registrar queixa na polícia.
Golpe clássico - O titular da Delegacia de Repressão ao Estelionato e Outras
Fraudes (Dreof), Charles Leão, disse que se trata de um “golpe clássico de
estelionato revestido de tecnologia”.
“É um oferecimento de falso emprego, forma clássica, com a
diferença de utilizar o meio eletrônico, que dificulta a investigação. É crime
de falsa identidade, porque ele se passou por outra pessoa”, avaliou. A pena
para estelionato é de um a cinco anos de reclusão, e de falsa identidade, de
três meses a um ano.
A Tarde