O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, assinou um novo decreto com medidas mais restritivas para tentar conter o avanço da pandemia do coronavírus Sars-CoV-2, após o país registrar recordes de casos diários nos últimos dias. Já na Espanha, o primeiro-ministro Pedro Sánchez declarou novo estado de emergência por segunda onda.
Itália
Apesar da oposição de vários governos regionais e protestos nas ruas contra o toque de recolher adotado em alguns territórios, o premiê italiano decidiu impor um “semi-lockdown”, com o fechamento de cinemas, teatros, academias e piscinas.
O decreto, que entra em vigor a partir desta segunda-feira (26) e será válido até 24 de novembro, também determina que bares, restaurantes, confeitarias e sorveterias funcionem apenas até às 18 horas (horário local). Os estabelecimentos, no entanto, poderão abrir aos domingos e feriados, ao contrário do que dizia a versão anterior.
O consumo nos locais é permitido a um máximo de 4 pessoas por mesa, a menos que todos convivam juntos. Além disso, a partir das 18h é proibido consumir alimentos e bebidas em locais públicos abertos.
A versão definitiva do documento “recomenda veementemente” que os cidadãos não se desloquem por meios de transporte públicos ou privados, exceto por motivos de trabalho, estudo, saúde e situação de necessidade, para a realização de atividades ou utilização de serviços não suspensos.
A regra foi uma das mais debatidas porque o governo cogitou a hipótese de proibir viagens entre as regiões.
O premiê da Itália manteve a realização de competições públicas e privadas. No entanto, confirma a suspensão de “eventos esportivos e competições de todas as ordens e disciplinas, realizados em qualquer lugar, tanto públicos quanto privados”.
O documento ainda confirma a educação à distância no ensino médio. Todas as instituições de segundo grau terão que adotar formas flexíveis na organização das atividades docentes, aumentando o ensino online para uma cota igual a pelo menos 75%.
As ruas ou praças dos centros urbanos, onde podem ser criadas situações de aglomeração, serão encerradas ao público a partir das 21h. O texto também recomenda para os cidadãos não receberem visitas, exceto para necessidades de trabalho ou situações de urgência.
As festas em ambientes internos e externos, inclusive aquelas decorrentes de cerimônias civis e religiosas” também estão proibidas, assim como festivais, feiras e eventos semelhantes.
As atividades de fliperama, salas de apostas e salas de bingo e cassinos também estão suspensas.
Os museus permanecem abertos, mas com regras específicas, como o respeito ao limite de pessoas e medidas sanitárias.
Segundo fontes oficiais, o governo ainda está acelerando um auxílio de 1,5 bilhões a 2 bilhões de euros para ajudar as categorias mais afetadas pelas medidas.
“O fechamento de teatros e cinemas é uma dor. Mas hoje a prioridade absoluta é proteger a vida e a saúde de todos, com todas as medidas possíveis. Vamos trabalhar para garantir o fechamento mais curto possível”, disse o ministro dos Bens Culturais, Dario Franceschini, ressaltando que o governo irá apoiar empresas e trabalhadores culturais.
Nos últimos dias, pelo menos cinco regiões – Lazio, Lombardia, Campânia, Piemonte e Sicília – anunciaram um toque de recolher. Em Napóles, no entanto, foram registrados protestos violentos contra a medida.
Espanha
A Espanha declarou neste domingo (25) pela segunda vez estado de emergência por conta de uma segunda onda de infecções por Covid-19. A duração do estado de emergência será de seis meses, conforme anúncio do primeiro-ministro Pedro Sánchez.
As medidas estabelecidas pela Espanha incluem confinamento noturno em todo o país (exceto nas Ilhas Canárias), entre 23h e 6h, e também permite que as regiões apliquem outras restrições, como proibir reuniões com mais de 6 pessoas e fechamento do comércio.
A Espanha foi o primeiro país da União Europeia e o sexto do mundo a ultrapassar a marca de um milhão de casos de Covid-19, na última quarta-feira (21).
No sábado (24), o país contabilizou 231 novas mortes pelo vírus, maior número desde 29 de abril, quando foram registrados 224 óbitos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). No auge da primeira onda, em 30 de março, 888 pessoas morreram.
A segunda onda da pandemia na Espanha está sendo menos letal do que a primeira e atingindo mais jovens. A onda anterior teve pico entre o final de março e o início de abril, com cerca de 800 mortes ao dia. Mesmo com a redução de mortes, especialistas alertam que hospitais correm risco de colapso mais uma vez.