
Método inédito e com muitas vantagens
As amostras para essa pesquisa foram coletadas no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HC-FMRP) da USP. A opção pelo suor se deu em função da facilidade na coleta da amostra, que “não é invasiva, tem composição pouco complexa e a boa correlação entre os níveis sanguíneos e as emanações da pele”, informa Fernanda. Outro motivo que credencia o suor a se tornar uma ferramenta para diagnóstico precoce de câncer é a simplicidade no preparo da amostra. O método consiste na inserção da amostra em um pequeno frasco de vidro; fechá-lo hermeticamente e, a seguir, aquecer o frasco à temperatura constante por 10 minutos. Ao final, uma porção da fase gasosa contida no interior do frasco é aspirada por uma seringa e injetada no equipamento para análise. Além da facilidade com o método diagnóstico, a pesquisadora aponta mais vantagens, como a alta sensibilidade e especificidade; a possibilidade de detecção de vários tipos de câncer; coleta não invasiva de amostra (sem causar dor ou constrangimento ao paciente); método acessível e relativamente de baixo custo para a análise. Apesar de ainda exigir mais estudos, a utilização do suor para diagnóstico de tumores pode ser uma boa alternativa. Fernanda acredita que amostras de suor podem substituir, por exemplo, as de sangue para determinação do Antígeno Prostático Específico, o exame de PSA que detecta câncer de próstata. Estudos como estes ainda são inéditos no Brasil. Segundo o orientador da pesquisa, professor Bruno Spinosa De Martinis, do Departamento de Química da FFCLRP, poucos grupos investigam compostos voláteis como biomarcadores do câncer no mundo; porém utilizam amostras e métodos diferentes, não os voláteis do suor. Entre eles, De Martinis cita pesquisas nos Estados Unidos, Polônia, Áustria e Israel. Mas, “de forma geral, no âmbito internacional, os resultados reportados até então também sugerem um grande potencial dos compostos voláteis servirem como biomarcadores do câncer”, completa. O orientador lembra que a pesquisa contou com a colaboração dos professores Fernanda Maris Peria e Rodolfo Borges dos Reis, ambos da FMRP. As informações sobre o potencial uso diagnóstico do suor como biomarcador para tumores é parte da tese de doutorado Investigação de compostos orgânicos voláteis em amostras de suor como biomarcadores no diagnóstico de câncer, apresentada por Fernanda Monedeiro à FFCLRP e defendida no ano passado. (MSN)