14 março 2013

Ansiedade transforma roer unhas em hábito ainda na infância

"Tire a mão da boca" é uma frase ouvida muitas vezes quando se rói unhas. Este hábito - chamado de oncofagia, no termo médico - é comum entre os adultos, mas se desenvolve, normalmente, entre os pequenos. A prática costuma começar por volta dos sete anos e pode até passar com o tempo. Mas, se persistir, é preciso prestar mais atenção no que provoca o comportamento. Quando bebê, é comum a criança levar a mão à boca, mas sem usar os dentinhos, apenas por curiosidade, hábito que diminui conforme ela vai crescendo. Já em idade escolar, entre seis e oito anos, é comum que ela apresente alguns tiques, como ficar piscando o olho ou roer a unha. “Nessa idade, eles estão relacionados com a maturação neurológica da criança. Alguns desses somem sozinhos, sem precisar fazer nada”, explica a vice-presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Renata De Luca. Roer as unhas pode se enquadrar nesse caso. Mas se o hábito persistir, é preciso ter cuidado.
Ansiedade transforma roer unhas em hábito ainda na infância
Repreender ou usar algo amargo nas unhas não é o mais indicado. O ato de roer unhas é causado por situações de estresse, tensão ou pressão - no caso das crianças, vinda dos pais ou da escola. Os adultos devem prestar atenção no que pode estar ocasionando isso, como uma separação ou o nascimento de um irmão. “Alguns pais conseguem ver isso sozinhos e resolvem. Se não identificarem a causa, é preciso procurar ajuda especializada para identificar qual é o problema”, explica Renata. Não é preciso correr para um especialista assim que seu filho começa a levar as unhas para os dentes. O mais importante é conseguir interpretar o que a criança pode estar tentando dizer com esse hábito. “Se uma criança demonstra ansiedade, não só roendo unha, é preciso entender o que está sendo dito pela linguagem não verbal. O que dispara esse comportamento. O que fazer vai depender do que está acontecendo, do contexto geral da criança”, explica Beatriz de Paula Souza, membro da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. (Foto:Shutterstock)