27 janeiro 2013

Celulares de vítimas do incêndio tocavam durante retirada de corpos


Celulares de vítimas tocavam enquanto os bombeiros retiravam seus corpos da boate que pegou fogo na madrugada deste domingo (27) e deixou pelo menos 231 mortos em Santa Maria (307 km de Porto Alegre). A informação foi confirmada pelo coordenador da Defesa Civil Adelar Vargas.

Segundo informações do comandante do Batalhão de Operações Especiais, Major Cleberson Bastianello, há 130 pessoas hospitalizadas. A lista oficial só será divulgada após o reconhecimento dos familiares.
Celulares de vítimas do incêndio tocavam durante retirada de corpos
Este é o segundo maior incêndio do Brasil. A maior tragédia brasileira foi registrada em 1961, quando 503 pessoas morreram em um incêndio no Grande Circo Americano, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro.

O Comandante do Batalhão de Operações Especiais, Major Cleberson Bastianello, disse que 90% das vítimas morreram intoxicadas pela fumaça. Segundo ele, muitos conseguiram sair da boate, mas algumas pessoas ficaram presas.

A boate tem capacidade para cerca de 2.000 pessoas, e fica na rua dos Andradas, na altura do número 1.925. Os feridos foram levados aos hospitais Universitário, da Guarnição de Santa Maria, de Caridade, da Casa de Saúde, do São Francisco e UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) na própria região. O Corpo de Bombeiro pede que os parentes das vítimas busquem informações diretamente nos hospitais.


Equipes de saúde da cidade estão no Centro Desportivo Municipal (Farrezão) ajudando a realizar a primeira identifcação das vítimas. Segundo Bastianello, a identificação final será feita por um parente da família.

Na porta do Centro Desportivo Municipal já consta uma lista para que as famílias possam localizar as vítimas. Os familiares entrarão de forma ordenada para realizar o reconhecimento.

A presidente Dilma Rousseff, que estava participando da cúpula dos países da América Latina com a União Europeia em Santiago, no Chile,cancelou sua agenda no país e retornará ainda hoje para o Brasil para acompanhar o resgate das vítimas.

Com a voz embargada, a presidente Dilma Rousseff declarou que não participaria mais da reunião da cúpula dos países da América Latina com a União Europeia, que acontece em Santiago, no Chile, e viajará para Santa Maria, no RS, onde um incêndio em uma boate deixou mais de 245 mortos e 48 feridos. Ela chorou ao comentar a tragédia e disse que o povo brasileiro precisa dela.
"Gostaria de dizer a população de nosso país e de Santa Maria (RS) que estamos todos juntos nesse momento". Dilma disse ainda que todos os ministros estão mobilizados para prestar toda ajuda possível às vítimas e aos familiares envolvidos na tragédia. Durante a entrevista, Dilma começou a chorar e terminou o depoimento. O anúncio foi realizado do hotel The Ritz-Carlton, onde a presidente está hospedada.

Em comunicado, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-primeira-dama Marisa Letícia dizem que o Brasil está triste e de luto com as mortes e deram seus sentimentos às famílias das vítimas. "Nesse momento difícil, expressamos nossa solidariedade aos amigos e familiares das vítimas e à toda a população da cidade, mas em especial aos pais e mães por essas perdas irreparáveis".

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, disse em sua conta de Twitter que irá para Santa Maria até o final da manhã deste domingo para acompanhar o trabalho do Corpo de Bombeiros na retirada e na identificação dos corpos. "Domingo triste! Estamos tomando as medidas cabíveis e possíveis. Estarei em Santa Maria no final da manhã".

INCÊNDIO
Segundo o coordenador da Defesa Civil, Adelar Vargas, o fogo teria começado na espuma de isolamento acústico, no teto. Um dos integrantes da banda, que se apresentava no local, teria acendido um sinalizador, que atingiu o teto e o fogo se espalhou rapidamente, de acordo com Vargas.

De acordo com o tenente-coronel Moisés da Silva Fuchs, o transporte dos corpos é realizado por um caminhão da Brigada Militar, devido ao elevado número de de mortos. Eles são levados ao Centro Desportivo Municipal (Farrezão), porque o IML (Instituto Médico Legal) não tem capacidade para abrigá-los.

A auxiliar de escritório, Michele Pereira, 34, que estava em frente ao palco no momento em que começou o incêndio, confirma que um dos integrantes da banda acendeu um sinalizador no palco.

"A banda que estava no palco começou a usar sinalizadores e, de repente, pararam o show e apontaram [o sinalizador] para cima. Aí o teto começou a pegar fogo, estava bem fraquinho, mas em questão de segundos começou a se alastrar", disse Pereira.

No local, havia apenas uma saída de emergência. Os bombeiros tiveram que abrir um buraco na parede da boate para facilitar o acesso e a retirada das pessoas do local. UOL