
NUTRIGENÔMICA
Pode parecer que não há nada de novo em falar que a pessoa emagrece comendo (quase) só salada, mas Fuhrman montou sua dieta baseada na área mais nova da nutrição, a nutrigenômica. "Estudos recentes mostram que os fitoquímicos [substâncias presentes em vegetais] atuam no DNA das células e estimulam a queima de gordura", diz a nutricionista Flavia Cyper. O médico americano também contrapõe sua dieta ao estilo de alimentação moderno, caracterizado pelo consumo excessivo de alimentos industrializados.
E não poupa nem os produtos "light". Segundo ele, além de os processos industriais como refinamento e pasteurização diminuírem o teor de nutrientes dos alimentos, os corantes, conservantes e espessantes usados jogam contra o processo de emagrecimento.
"Esses produtos químicos fazem o organismo produzir mais substâncias inflamatórias, que criam depósitos de gordura no corpo. E também aumentam a sensação de fome --é o que chamo de 'fome tóxica'", disse Fuhrman. O nutrólogo Hélio Osmo, consultor da Abiad (associação que reúne produtores de alimentos diet e light), concorda que o consumo indiscriminado desses produtos deve ser revisto: "Eles contêm vários aditivos químicos e ainda não sabemos até que ponto podem afetar a saúde". Mais difícil de engolir é a afirmação de que a pessoa não sentirá fome se aderir à dieta proposta por Fuhrman --que monta cardápios diários com apenas três refeições e proíbe os lanchinhos. "Não existem estudos independentes comprovando que comida rica em micronutrientes tira a fome", afirma o endocrinologista Alfredo Halpern, da USP.
A pesquisa usada por Fuhrman para comprovar sua teoria de fome tóxica foi feita pela internet, com cerca de 700 usuários de seu site (www.drfuhrman.com). Para Halpern, o lado bom do programa de Fuhrman é a proposta de uma alimentação saudável. "Se a pessoa passar a comer melhor, ótimo. Consumir mais orgânicos e alimentos frescos também é bom, têm muitos 'químicos' por aí. Mas não há garantia de que ela vá emagrecer, muito menos ter uma grande perda de peso em pouco tempo", diz ele.
LEITE E CARNE
Outro ponto polêmico da dieta é a restrição ao consumo de leite e derivados e de carnes. Quem quiser seguir o seu programa de seis semanas --que, afirma o médico, leva à perda de cerca de dez quilos-- tem que cortar totalmente esses alimentos. "A pessoa não pode e não deve eliminar a carne se quiser ter uma alimentação equilibrada, porque ela fornece proteínas mais completas do que as encontradas nos vegetais", afirma o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia). O leite também não pode ser simplesmente trocado por verduras para suprir as necessidades de cálcio, segundo Ribas Filho. "Claro que há vegetais ricos em cálcio, mas a biodisponibilidade [taxa de absorção pelo corpo] do mineral é muito menor do que a do leite. Para obter a quantidade necessária, você precisaria comer 500 gramas de verdura por dia." Pois é justamente isso que Fuhrman propõe. (Folha)