27 fevereiro 2012

O lado bom da fofoca: controlar os desonestos

A fofoca é algo é vista como nem um pouco positiva em qualquer tipo de ambiente. Ela mina a confiança, destrói reputações e pode acabar com a convivência pacífica entre as pessoas. Mas a fofoca também pode ajudar a controlar os maus comportamentos dentro de um grupo. E isso, dizem pesquisadores, seria um ponto positivo para os fofoqueiros de plantão. Esta conclusão faz parte de um estudo feito pela Universidade da Califórnia, nos EUA, e publicada no periódico Journal of Personality and Social Psychology. De acordo com o autor principal da pesquisa, Robb Willer, a fofoca alivia a frustração de pessoas que veem algo ruim acontecer e não têm outros canais para punir tal comportamento dentro de um grupo social ou empresa...
A denominada fofoca “pró-social” – tida como algo diferente da fofoca baseada em rumores – foi observada a partir de um jogo de laboratório envolvendo quantias de dinheiro e feito com um grupo de 51 voluntários. Os participantes não podiam conversar durante o jogo, mas podiam enviar bilhetes uns para os outros. Entre os participantes havia alguns que foram instruídos a burlar as regras e ganhar quantias de dinheiro desonestamente. O fenômeno não só ajudava outros jogadores a ficarem mais alertas sobre determinados indivíduos, mas também tinha impacto no organismo daqueles que faziam os alertas. Monitorados para o ritmo dos batimentos cardíacos, os participantes – quando viam algo desonesto acontecer – tinham esses ritmos aumentados. Mas quando eles conseguiam avisar os outros jogadores sobre o ocorrido, eles relaxavam e o ritmo cardíaco diminuia. 
A fofoca positiva, portanto, pode diminuir os níveis de estresse dos indivíduos que testemunharam algo ruim acontecer. “Essa fofoca de alerta diminui a frustração de ver algo que compromete todo o grupo e não conseguir fazer nada formal para impedir que aconteça”, diz Willer. Um outro experimento envolvia observadores externos ao jogo, que viam o jogador desonesto burlar o jogo e podiam ou não avisar os jogadores. “Dedurar” o desonesto também ajudou a aliviar os níveis de estresse dos observadores que afirmavam se sentir melhor depois do fato. Um terceiro experimento propunha ainda que os jogadores que viam algo ruim acontecer podiam trocar seu lugar no jogo – e portanto seus ganhos até então – pela oportunidade de avisar o próximo jogador sobre um indivíduo desonesto. O índice de desistência em prol de denunciar o desonesto foi muito maior do que aqueles que preferiram se calar.
Finalmente, em um jogo envolvendo mais de 300 indivíduos, e cujos jogadores tinham a opção de esconder ganhos excusos – como roubar fichas e pontuação sem muito alarde –, os pesquisadores informaram que caso algum jogador fizesse algo desonesto ele seria alvo de uma nota negativa por parte de um observador externo. O índice de jogadores desonestos foi extremamente baixo, mesmo entre aqueles indivíduos avaliados para níveis mínimos de altruísmo e pró-sociabilidade (jogadores tidos como altamente egoístas e, portanto, passíveis de maior desonestidade). “Ver pessoas se comportando de forma ‘imoral’ ou fora do padrão que reconhecemos como ideal nos deixa muito mal. E ajudar os outros a se livrarem dessas pessoas nos faz sentir bem”, conclui Willer. (Oqueeutenho?)